Novo modelo de terceirização transforma o negócio

Superar o desafio olímpico de encaixar as constantes atualizações tecnológicas em realidades orçamentárias cada vez mais enxutas, tem levado o mercado corporativo a focar os recursos financeiros nas suas atividades fundamentais. A terceirização de soluções para gestão em tecnologia da informação (TI) foi um dos caminhos percorridos para cortar gastos, transferindo tarefas para fornecedores de serviços e infra-estrutura.

Apesar do seu desenvolvimento recente, o mercado de terceirização deve gerar US$ 130 bilhões de receita em 2004, e segundo o Instituto Gartner, tem crescido de 8% a 10% ao ano. Grandes empresas de tecnologia e com tradição em hardware, como a IBM e HP, convertidas agora em grandes prestadoras de serviços, tem se transformado em abrigo habitual de projetos de terceirização. A procura por soluções terceirizadas tem sido tão grande que surgiu uma versão aperfeiçoada da atividade. Trata-se do Business Transformation Outsourcing (BTO), que se pretende um serviço de transformação do negócio.

Esta oferta é muito diferente da mera terceirização do processo, na qual um provedor assume o controle dos processos como eles estão e trata de operar de forma mais eficiente. Por meio do BTO, a área terceirizada passa por uma reestruturação e a empresa operadora assume o controle de processos e funções, com o objetivo de reconstruir e melhorar o processo em si, utilizando sua experiência na indústria, seu capital intelectual e o conhecimento obtido de outros projetos com o compromisso de atingir um resultado otimizado em um período determinado.

Na semana passada, a Sprint - empresa americana líder em serviço de dados sem fio - assinou com a IBM Business Consulting Services (divisão de consultoria da empresa), um contrato de cinco anos para transfe-rência das operações do serviço de atendimento ao cliente. Segundo Ricardo Neves, sócio-responsável de BTO da IBM no Brasil, trata-se do maior contrato de Business Transformation Outsourcing já realizado. Neves comenta que a função da IBM, que absorveu quatro mil empregados da Sprint, é a de fazer uma transformação operacional em áreas como relacionamento com clientes ou processos de Recursos Humanos (RH), por exemplo, sempre com objetivo de elevar receita e rentabilidade.

Como resultado desta iniciativa, a Sprint espera alcançar uma redução nos custos de atendimento ao cliente de US$ 550 milhões durante os próximos três anos, ao passo que suas operações de "customer care" se tornarão mais flexíveis e terão maior capacidade de resposta em tempo real às variações do mercado e dos clientes.

O executivo informa que a IBM também se ocupará da administração dos call centers existentes, operados por fornecedores e assumirá a administração do centro que a Sprint possui em Nashville, Tennesee. A Sprint continuará administrando as operações de seus outros centros de atendimento a clientes. "Com a aliança entre a Sprint e a IBM, as empresas terão uma combinação de inovação de rede, produto, confiabilidade, conhecimento do cliente e experiência em atendimento, o que as distinguirá dos demais no mercado", afirma Gary D. Forsee, Chairman e CEO da Sprint.

"Este contrato valida nossa estratégia de BTO como um novo segmento de grande potencial no setor de serviços. Trata-se de agregar valor à terceirização, que exige a combinação da transformação e consultoria de negócios com escala de serviços e liderança tecnológica", diz Neves. A IBM não divulgou o valor da parceria com a Sprint, mas informa que hoje o Departamento de Serviços - onde estão incluídos BTO e Terceirização - já representa 48% do faturamento da empresa.

No ano passado, o contrato global de dez anos ( a partir de 1° de janeiro de 2004) assinado com a Procter & Gamble - que abrange o fornecimento de serviços de RH On Demand a 98 mil empregados da P&G e expande as capacidades globais de terceirização de RH da IBM - foi avaliado em US$ 400 milhões. Aproximadamente 800 empregados da P&G receberam ofertas de emprego na equipe HR BTO da IBM.

Segundo o executivo, a IBM quer consolidar a liderança na terceirização no Brasil. "Estamos construindo um mercado que tem o potencial de ser tão grande quanto o de terceirização estratégica (Strategic Outsourcing) tradicional, com contratos recordes e níveis excepcionais de aquisição de novos clientes", afirma.

No Brasil, a IBM terceiriza cinco grandes processos de cerca de 50 clientes. São serviços de RH, compras, CRM, contabilidade e finanças, e processos específicos de indústria como pedidos de seguros. "A IBM Business Consulting Services anunciou no ano passado iniciativas similares de transformação de negócios com empresas como Raytheon , Avnet, Goodyear, Lincoln Financial e UTC, além de oferecer serviços similares a outras operadoras de telecomunicações.

Em cada caso, a IBM está transformando, integrando e gerenciando processos-chave de negócio, capacitando estas companhias a tornarem-se mais flexíveis para se adaptarem em tempo real às variáveis do mercado e dos clientes". Para Neves, a nova tendência reflete uma evolução adaptativa do mercado corporativo.

Neves comenta que o processo de radicalização das especialidades e a transferência de serviços para outras empresas foi absorvido culturalmente. Em um futuro próximo, segundo ele, o caminho será a criação de verdadeiros condomínios, dedicados a um só serviço, que atenderão a clientes corporativos de diferentes segmentos. "Isso, de uma forma ainda muito tímida, já acontece com algumas empresas terceirizadoras que trabalham no setor de RH". Os "clusters", para Neves, serão uma revolução nos relacionamentos entre empresas. As demandas de cada cliente elevarão o nível do aporte tecnológico para todo o grupo.
 Investnews - Gazeta Mercantil

 

 

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