Interfaces: por que as empresas fracassam?

Algumas razões para a baixa usabilidade de produtos e sistemas de tecnologia da informação nas organizações (e o seu conseqüente fracasso nesse quesito). Aumenta o desafio para o design.

Luiz Agner

Na medida que avança a informatização, atingimos segmentos cada vez maiores da população através da mídia online. Sem falar nas difíceis restrições de acesso e de renda, sabemos que muitos cidadãos têm pouca escolaridade e que outros possuem apenas conhecimentos rudimentares de computação.

Pergunta-se: as pessoas com limitações cognitivas e/ou de conhecimentos devem ou não devem ser excluídas do processo? Trata-se de uma questão com desdobramentos políticos e sociais: que porcentagem da população pretende-se excluir da sociedade da informação?

Nielsen, um famoso advogado da usabilidade de interfaces, nos apresenta o tema nos seguintes termos: “o alargamento da utilização da web coloca-nos uma questão básica de marketing – que porcentagem do seu público-alvo pode uma empresa excluir porque não é inteligente o suficiente para utilizar o seu portal”?

“Mesmo que a empresa admita uma perda de 20% de usuários porque seu portal é difícil, vai precisar torná-lo fácil para os outros 80%. Considerando que os sites são difíceis para 50% da população online, as empresas deverão melhorar muito a usabilidade de seus sites, daqui para frente.”

A questão se agrava se falarmos não somente de empresas privadas, mas também de organizações do Estado que têm como público-alvo os cidadãos de seu país. Nesse caso, a acessibilidade e a usabilidade dos sites são estratégicas para atingir a tão desejada “transparência” da gestão pública.

Segundo Rubin, as principais razões para a baixa usabilidade de produtos e de sistemas de tecnologia da informação nas organizações (e o seu conseqüente fracasso nesse quesito) são as seguintes:

1 - A ênfase e o foco estão na máquina, não no usuário-final. Como tradição, designers, engenheiros e programadores são contratados e pagos para enfatizar a atividade (a dimensão racional) em detrimento do ser humano e do seu contexto (as dimensões ambíguas);

2 - A audiência-alvo dos produtos de tecnologia da informação tem mudado radicalmente mas as instituições se mostram lentas para reagir a essa evolução;

3 - Embora o design de sistemas com boa usabilidade seja difícil, as empresas continuam tratando o tema na base do “senso comum”;

4 - As organizações empregam equipes e abordagens altamente especializadas para o desenvolvimento de sistemas, mas fracassam na integração dessas equipes e abordagens entre si;

5 - Atualmente, a necessidade está no design e não nos aspectos de implementação técnica ou de engenharia. O design se refere a como o produto se comunica com o seu público, e a implementação se refere a como o produto funciona.

Hoje, com o advento da programação orientada a objetos e de ferramentas de geração automática de códigos, o desafio da implementação diminuiu, enquanto o desafio do design aumentou – juntamente com a expectativa de que se atinjam parcelas cada vez maiores da população.

A tendência é que as habilidades de programação se tornem dispensáveis no futuro. Entretanto, as organizações continuam a valorizar mais os aspectos relacionados à implementação tecnológica (a máquina) em detrimento de aspectos relacionados ao design (o homem).

No olho desse furacão, torna-se fácil para os designers perderem a noção de que não estão lá para desenhar os produtos em si, mas para desenhar o relacionamento dos produtos com os seres humanos. [Webinsider]


Referências:
NIELSEN, Jakob. Alertbox: Are Users Stupid? [online]. 04 de fevereiro de 2001. Disponível: http://www.useit.com/alertbox/.

RUBIN, Jeffrey. Handbook of usability testing: how to plan, design and conduct effective tests. New York. Wiley Technical Communication Library, John Wiley & Sons, Inc. 1994.

 

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