Descoberta mostra o status sagrado do leão egípcio

Anahad O'Connor
The New York Times


Cientistas que estão escavando uma tumba no Vale do Nilo encontraram os restos de um leão mumificado, fortalecendo a antiga crença de que os egípcios antigos o adoravam como um animal sagrado.

O leão foi encontrado cuidadosamente aninhado contra uma parede na tumba de Maia, uma egípcia proeminente que se acredita ter sido a ama de leite do rei Tutankamon no século 14 a.C. Mas os arqueólogos suspeitam que os restos podem ter sido colocados lá séculos depois, quando a tumba era usada com freqüência para enterrar outros egípcios e animais reverenciados, como gatos.

As descobertas foram relatadas na edição da revista "Nature" de 21 de janeiro.

"Nós sabíamos pelas inscrições que existiam leões no Egito, mas nenhum tinha sido encontrado", disse Alain Zivie, arqueólogo francês que liderou a equipe que fez a descoberta. "Eu acho que Maia ficaria surpresa em saber da existência de um leão enterrado em sua tumba".

Por 20 anos, a equipe de Zivie tem escavado Saqqara, uma necrópole perto da antiga cidade de Menfis, no norte do Egito. Eles descobriram a tumba elaborada de Maia lá em 1996, e lentamente começaram a abrir caminho por suas múltiplas câmaras.

Cinco anos depois, em uma seção da tumba dedicada a Bastet, a deusa com cabeça de gato, eles avistaram um esqueleto intocado de leão empoleirado em uma rocha. Colocado em uma sala repleta de ossos de outros animais, ele poderia ser confundido com os restos de um gato mumificado, disse Zivie, exceto pelo seu tamanho.

"Gatos mumificados são muito comuns, mas este era claramente incomum por ser muito grande", disse Zivie.

Apesar do esqueleto não dispor das bandagens de linho características de uma múmia, sua posição e descoloração indicavam alguma forma de preservação, o que seria complicado para um animal tão grande. Zivie disse que uma análise de seus dentes sugeriu que ele viveu em cativeiro e morreu naturalmente.

Descrições do leão como animal divino, freqüentemente com características humanas, como a Esfinge, fazem parte da arte e mitologia egípcia.

Textos e inscrições antigos descrevem procedimentos funerários sagrados, mas até agora os únicos cemitérios conhecidos de animais no Egito continham babuínos, cães, gatos e até mesmo peixes.

"Isto é altamente significativo porque se somará ao quadro geral do que sabemos sobre a religião e culto no Egito", disse Emily Teeter, egiptóloga da Universidade de Chicago que não esteve envolvida na escavação.

Ainda não se sabe por que este leão foi parar onde estava. Uma teoria é que foi considerado uma encarnação de Mahes, deus com cabeça de leão. Mas a proximidade do esqueleto do santuário de Bastet, disse Teeter, sugere que na verdade representava Sekhmet, a mãe de Mahes e um alter ego de Bastet.

Zivie planeja realizar mais exames no esqueleto que possam revelar a idade do leão e detalhes sobre sua vida. Suas medições ósseas estão entre as maiores já registrados para um leão (macho), disse ele.



Tradução: George El Khouri Andolfato

 

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