Combinação de óleo colorido e água resulta em papel eletrônico

Duncan Graham-Rowe
Da New Scientist

Uma idéia simples, mas engenhosa, poderá finalmente transformar o "papel eletrônico" em uma perspectiva realista. Nesse caso, um dia você poderá folhear uma versão animada de seu jornal em uma tela flexível sem fio que pode ser enrolada e desenrolada.

Até agora, as tentativas de fabricar papel eletrônico foram frustradas pela inércia dos pixels [as pequenas unidades que formam a imagem na tela], porque o papel não consegue mudar as imagens com rapidez suficiente para exibir vídeos ou animações. E a nitidez das imagens foi decepcionante, especialmente em cores. Mas agora Robert Hayes e B.J. Feenstra, dos Laboratórios de Pesquisa Philips em Eindhoven, Holanda, revelaram uma idéia que segundo eles vai superar ambos os problemas.

Sua nova tela se baseia em um fenômeno chamado eletroumidificação ("electrowetting"), em que ao se aplicar uma corrente elétrica a uma superfície normalmente impermeável ela passa a atrair água. Cada pixel consiste em uma minúscula câmara com uma base transparente impermeável, colocada sobre um substrato branco brilhante. Uma minúscula gota de óleo preto ou colorido é colocada no fundo e então a célula é preenchida com água. O óleo se espalha e cobre a base, obscurecendo o fundo branco e criando um pixel preto ou monocromático.

Mas quando uma corrente elétrica é aplicada a um eletrodo embaixo da base impermeável, a água rapidamente umedece a base e empurra o óleo para um lado. "A água é muito polar, por isso se você polarizar a superfície as duas vão se atrair", explica Hayes. "De repente a água quer molhá-la." Isso expõe o fundo branco, criando um pixel branco. O resultado é uma tela de alto contraste que pode ser ligada e desligada em velocidade de vídeo.

Outras tecnologias de papel eletrônico usaram pixels contendo pequenas partículas suspensas em líquido. Uma delas, desenvolvida pela Gyricon, filial da Xerox, usa pequenas esferas que são brancas de um lado e pretas do outro, e podem ser giradas para criar diferentes imagens monocromáticas.

Enquanto isso, a E-Ink, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, usou pixels contendo partículas pretas de carga negativa e brancas de carga positiva. Os campos elétricos controlam que cor de partícula vai aparecer na superfície do pixel. Mas nenhuma das técnicas consegue manipular os pixels com rapidez suficiente para suportar imagens de vídeo.

Com a eletroumidificação, porém, os pixels podem mudar de estado em cerca de 10 milissegundos - o suficiente para gerar cem novas imagens por segundo. O vídeo com qualidade de TV exige apenas 25 imagens por segundo. E a alta refletividade e o contraste das telas úmidas as tornam muito mais claras: as coloridas são quatro vezes mais nítidas que as telas de cristal líquido
(LCD) e duas vezes mais nítidas que as tecnologias de papel eletrônico concorrentes.

Para fazer uma tela colorida, cada pixel compreende três subpixels. Cada um destes contém dois óleos com cores primárias diferentes, um cobrindo uma superfície impermeável no topo da câmara, o segundo cobrindo outra superfície no fundo. Por cima de cada subpixel existe um filtro para a terceira cor primária.

Quando ambos os óleos estão planos, eles e o filtro absorvem todo o espectro, fazendo o subpixel parecer preto. Mas quando os dois óleos de uma célula são empurrados para um lado, o subpixel assume a cor do filtro fixo no topo. Quando se faz os três subpixels refletirem luz vermelha, verde e azul, o efeito final é um pixel branco.

A equipe da Philips afirma que a tela reflete cerca de 40% da luz - "Uma conquista notável", admite um porta-voz da E-Ink. Ele acrescenta que a velocidade de mudança ainda não é suficiente para vídeo, mas que "os protótipos de pesquisa são drasticamente mais rápidos".

A Philips prevê muitas outras aplicações para essa tecnologia. Além de telas flexíveis para uma nova geração de computadores laptop, tablet e PDA, eles acreditam que a flexibilidade das simples células cheias de água poderá ser usada até em tecidos. Eles sugerem que as pessoas poderão fazer "download" de estampas na moda ou mesmo animações para suas roupas.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves


 

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