Piratas do teclado

Prisão de uma quadrilha de hackers no Pará mostra a fragilidade dos sistemas de segurança na internet

Como fugir dos hackers

Lia Vasconcelos
Colaborou: Cláudia Pinho

Numa megaoperação, a Polícia Federal no Pará prendeu na semana passada 23 pessoas acusadas de desviar mais de
R$ 100 milhões das contas bancárias de quem fazia transações pela internet. Os hackers enviavam e-mails com títulos atraentes e ofertas curiosas como um serviço para aumentar o tamanho do pênis. Ao serem abertos, eles permitiam a instalação automática de um programa capaz de ler e copiar os dados da vítima, inclusive a senha da conta bancária. Batizada de Cavalo de Tróia em homenagem ao presente traiçoeiro doado pelos gregos, esse tipo de ação é a mais corriqueira entre os ataques cibernéticos. Segundo a consultoria inglesa Mi2g, que avalia o risco digital de cada país, o Brasil é o maior celeiro de piratas cibernéticos do mundo. Só neste ano, 96 mil ataques tiveram o solo nacional como ponto de partida. Significa mais de seis vezes o número de investidas da Turquia, o segundo colocado.

Todos podem ser vítimas nessa guerra cibernética, até mesmo quem só usa o computador para enviar e receber e-mails. Basta abrir um anexo do correio eletrônico ou acessar um site com promessas de ganho fácil, promoções ou recadastramento bancário. A porta de entrada dessas pragas, que já infectaram 3,3 milhões de computadores só nos EUA, é o spam, o lixo enviado todos os dias por e-mail. Os especialistas são unânimes. Para ficar longe do perigo é preciso usar o bom senso e desconfiar sempre.

Uma pesquisa realizada pela empresa de segurança Módulo nas principais capitais brasileiras mostra um quadro nada animador. Um terço dos entrevistados admite fornecer dados pessoais para concursos e promoções, e quase metade reconhece não adotar procedimentos de segurança. A mesma consultoria avaliou as 500 maiores empresas do País. Embora a maioria possua orçamento para tecnologia, só sete em cada 100 delas gastam mais de 20% dessa verba em mecanismos de proteção contra ataques virtuais.

Para os hackers, os computadores domésticos são mais vulneráveis do que os superprotegidos sistemas bancários. A forma mais fácil de ludibriar um internauta é o envio de e-mails com um anexo, como fazia a quadrilha presa no Pará. Uma vez aberto, o arquivo instala um programa espião que registra tudo o que é digitado pelo internauta. Em pouco tempo, o pirata consegue os dados pessoais e as senhas para acessar o banco online de sua vítima e efetuar qualquer tipo de transação. “É uma briga de gato e rato. No mundo virtual é preciso tomar tanto cuidado como no mundo real”, adverte Fernando Nery, presidente da Módulo.

Uma artimanha dos criminosos digitais é usar os bancos como fachada. A mensagem eletrônica solicita que o correntista faça um recadastramento e indica um site para a sua realização: um clone do site oficial da instituição bancária. O hacker acessa a página falsa e passa a usar as informações secretas. Uma dica é prestar atenção nas mensagens, já que muitas contêm erros de português. “Uma letra ou número a mais fazem toda diferença”, diz Roni Katz, da McAfee, uma das maiores fabricantes de antivírus.

Os bancos tentam proteger seus clientes. “Mostramos como identificar e-mails suspeitos em nosso site, em folhetos e até nos extratos”, afirma Edson Lobo, gerente do Banco do Brasil, que tem 17 milhões de correntistas, dos quais cinco milhões cadastrados no banco online.
A dinâmica e o tamanho da rede dificultam a ação da polícia e ajudam quem quer se esconder. Há cerca de 45 milhões de sites no mundo.
No Brasil, são mais de 500 mil, sendo que 800 novas páginas são
criadas diariamente.

Além do spam, os espiões eletrônicos se espalham por meio de vírus e download de programas, de músicas ou games. Um desses espiões tem por objetivo bisbilhotar os hábitos de navegação dos internautas inserindo publicidade dirigida em seus computadores. Para livrar-se deles é possível fazer o download gratuito de programas que detectam e expulsam os mais de 900 espiões que circulam na internet. “Quem acessa sites de música ou mensagens instantâneas como o MSN e o ICQ deixa muitas portas do computador abertas”, alerta Daniela Carmielli, da Symantec, fabricante do antivírus Norton.

Quem tem em sua máquina o sistema operacional Windows, criado pela Microsoft, corre mais risco. “O número de usuários de Windows ultrapassa em muito os de Macintosh e de Linux. É muito mais vantajoso criar um vírus ou um software espião para um público alvo maior”, afirma Katz. Numa tentativa de conter os hackers, a Microsoft anunciou um programa de recompensa de US$ 5 milhões para quem der pistas de pessoas que lançam vírus e outros programas ilegais na rede. No Brasil, a Câmara dos Deputados aprovou pela primeira vez um projeto de lei que pune crimes cometidos na área da informática, entre os quais ações de hackers, clonagem de celulares e falsificação de cartões de crédito.

 

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