Cientistas desvendam segredos da supercola dos mexilhões

Da Universidade Purdue


Pesquisadores descobriram que o ferro presente na água do mar é o agente crucial de conexão nas colas superfortes encontradas no mexilhão azul comum, Mytilus edulis. É a primeira vez que pesquisadores conseguem determinar que um metal como o ferro é crucial para a formação de um material biológico amorfo.

Além de usar esse conhecimento para desenvolver alternativas mais seguras às colas cirúrgicas e de uso doméstico, os pesquisadores estão estudando maneiras de combater a cola a fim de impedir danos a navios e o transporte acidental de espécies invasivas, como o mexilhão zebra que causou muitos estragos no meio-oeste dos Estados Unidos.

Jonathan Wilker, que recebeu da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos um prêmio pela sua carreira, Mary Sever e colegas, da Universidade Purdue, anunciaram sua descoberta na edição de 12 de janeiro da revista científica "Angewandte Chemie".

Pesquisando para a criação de versões sintéticas da cola, os pesquisadores descobriram que os bivalves extraem o minério de ferro da água marinha que os cerca, e o empregam para unir proteínas, ligando as moléculas fibrosas em uma mescla forte e adesiva. Os 800 mexilhões preservados no laboratório de Wilker têm a capacidade incomum de aderir a praticamente qualquer material, de forma semelhante a revestimentos como o Teflon.

"As colas dos mexilhões apresentam o primeiro caso identificado no qual metais de transição se provam essenciais para a formação de um material biológico não-cristalino", afirma o Wilker. "Estamos curiosos para descobrir se esse mecanismo de ligação cruzada de proteínas mediado pelo metal é um tema prevalecente em biologia. Estudaremos sistemas como o cimento produzido pelos moluscos, a cola do kelp e o cimento das ostras, para verificar de que maneira outros biomateriais são produzidos", diz.

"A origem biológica dessa cola e a capacidade que ela exibe de aderir a quase todas as superfícies é um convite ao desenvolvimento de aplicações como, por exemplo, o desenvolvimento de adesivos cirúrgicos", explica o pesquisador.

"Compreender de que maneira as colas marinhas se formam pode ser um passo crucial para o desenvolvimento de superfícies e revestimentos que impeçam os processos de adesão. As tintas usadas hoje em dia para impedir adesão indesejada aos cascos de navios, por exemplo, dependem da liberação de cobre nas águas navegadas, o que ajuda a matar os moluscos ainda em seu estágio de larva. Esperamos que os nossos resultados permitam a criação de tintas preventivas de adesão que não exijam a liberação de toxinas no meio ambiente marinho", afirma Wilker.

"Aparentemente, a força, o poder adesivo e a durabilidade desses extraordinários materiais biológicos pode derivar da química inorgânica", diz o químico Mike Clarke, que supervisionou a concessão do prêmio da Fundação a Wilker. "As proteínas muitas vezes dependem de íons metálicos para se unir e ganhar estabilidade, mas essa é a primeira vez que foi possível determinar o papel essencial de um íon metálico de transição como parte integral de um material biológico", afirma Clarke.

"Essa descoberta poderia conduzir à criação de materiais novos e incomuns, com plasticidade, força e poder de adesão definidos precisamente para usos domésticos, estruturais e biológicos. Talvez essas propriedades possam atém se tornar dependentes do potencial eletroquímico de um dado material, o que abriria ampla área de atividade para materiais eletrônicos", afirma o cientista.


Tradução: Paulo Migliacci
 

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