Tratamento de viciados em internet inclui choques e remédios na China

da Ansa, em Pequim

A dependência da internet é tão perigosa quanto a dependência química. Com base nesse princípio, foram abertas diversas clínicas de reabilitação nos últimos meses na China.

Uma delas, na periferia de Pequim, é gerenciada por militares do Exército de Libertação Popular. Hoje, tem 60 pacientes entre 13 e 24 anos de idade. Em períodos de maior lotação, já teve mais de 200.

Na clínica, os jovens são submetidos à disciplina militar para usar de outra forma a energia que normalmente gastariam em desafios intermináveis nas competições on-line.

Um médico militar que, no passado, cuidou de dependentes químicos usuários de ópio e heroína, afirma que os viciados em internet "apresentam sintomas parecidos". Os jovens, segundo o médico, são curados por meio da psicologia, remédios e "leves choques elétricos".

O alerta quanto ao crescimento do número de pessoas que não conseguem viver sem a web foi dado no ano passado, quando uma pesquisa revelou que no país há 2 milhões de jovens com o problema. Na China, os viciados são em média dez anos mais jovens do que em outros países, diz uma pesquisa promovida pela Liga da Juventude Comunista.

Jogos on-line

A atividade mais procurada por jovens na internet são os jogos interativos, dos quais participam milhares de pessoas simultaneamente. Os jornais já identificaram diversos efeitos maléficos do hábito de "viver on-line", no mundo dos jogos. Entre eles estão manifestações do que aparentemente seria considerado "desvio de caráter", como "furtos virtuais" de pontos que um jogador havia acumulado com suas vitórias.

Mais dramático foi o caso de um menino de 13 anos no norte da China que morreu ao cair de uma janela. Ele tentava escapar do castigo imposto pelos pais, que o proibiram de jogar com os amigos.

Os jovens que usam a internet são mais de 18 milhões no país, segundo a pesquisa. Gao Wenbin, psicólogo da Academia Chinesa de Ciências, diz que pelo menos 15% deles precisam de "ajuda urgente".

"Nas escolas, os jovens não têm como gastar energia e muitas vezes recorrem à internet para se divertirem", afirma o psicólogo. Por isso, segundo Wenbin, "acabam procurando na internet um mundo virtual de satisfações que não encontram no mundo real".

Zonas rurais

Na China hoje há 137 milhões de navegadores, um número que põe o país em segundo lugar no mundo em número de usuários, depois dos Estados Unidos, com 210 milhões. Os especialistas prevêem que a China deverá ocupar o primeiro lugar dentro de poucos anos.

Outro estudo, conduzido pela China Internet Networks Information Centre, revela que a taxa de crescimento do número de usuários atingiu um pico na China em 2002 e, após uma desaceleração, voltou a subir em 2006, graças principalmente à difusão de tecnologias mais sofisticadas em zonas rurais.

O governo de Pequim tem feito intervenções para limitar a liberdade dos cidadãos na internet. Além de reforçar o controle político (a chamada "polícia da internet" emprega mais de 30 mil pessoas), o governo fechou centenas de cybercafés ilegais.

Em todo o mundo, discute-se se a internet pode ou não provocar dependência psicológica como as drogas. Nos últimos dias, teve grande destaque a notícia de que o presidente da Microsoft, Bill Gates, impôs limites ao tempo de permanência na internet
da própria filha.

Clínicas do tipo criado na China já existem há alguns anos em países como Coréia do Sul e na Tailândia, onde os jogos on-line sofreram um boom parecido ao que ocorre atualmente na China.

 

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