Saborosos hermanos


Impulsionados pela demanda na exportação, produtores argentinos se esmeram na elaboração de vinhos tops que conquistam os brasileiros com preços tentadores
Mariana Barros –

Mendoza (Argentina)

Como apreciar o vinho

Apesar de toda a tradição que envolve a produção e a apreciação de um bom vinho, sempre há espaço para novidades. Além da França, Itália e Portugal, um outro país começa a se destacar na produção de bebidas finas: a Argentina. Famosa pela larga geração de vinhos populares (ou de mesa), nossos hermanos estão agora conquistando o seu lugar ao sol e já ocupam a quinta posição entre os produtores mundiais de vinhos top. Calcula-se que este ano o setor baterá o recorde de exportação, faturando
algo em torno de US$ 220 milhões – cerca de 260% a mais do que foi vendido no ano passado.

Esse crescimento externo foi incentivado pela queda do consumo interno. Com a incorporação na cultura argentina de outras bebidas populares, como a cerveja, e a crise arrebatadora que o país atravessou, o consumo de vinho per capita caiu de 80 litros em 1970 para 38 litros em 2002. Os produtores se viram então obrigados a fabricar bebidas mais sofisticadas para conquistar o paladar estrangeiro. “A produção caiu em quantidade, mas aumentou em qualidade”, diz Flavia Rizzuto, eleita a maior especialista do país pela Associação de Sommeliers Argentinos.

Se a produção argentina está crescendo, o mercado consumidor brasileiro de vinhos dispara, assim como a exigência por produtos de qualidade. Em 2000, 19% dos vinhos consumidos aqui foram importados. No ano seguinte, esse número subiu para 50%. Essa é uma das razões que impulsionaram a Grand Cru, importante importadora de rótulos argentinos finos a promover em São Paulo a Semana do Vinho Argentino. Entre os dias 25 e 29 de novembro, algumas das mais importantes vinícolas oferecerão seus produtos com preço 30% inferior ao de mercado em 21 dos melhores restaurantes paulistanos. Participam do evento casas tradicionais como Fasano, O Leopolldo, Antiquarius e Bistrot Charlô e também novos restaurantes como o Julia Cocina, Bar des Arts, Burgen & Bistrot e Astor. Com um preço inferior ao dos vinhos chilenos, os argentinos tornaram-se a opção número um para quem quer desfrutar de um produto de qualidade sem gastar demais.

Das seis vinícolas que integram a Semana do Vinho, quatro delas estão localizadas em Mendoza, região ao pé da Cordilheira dos Andes responsável por cerca de 75% da produção de toda a Argentina. As plantações ficam a mil metros de altitude. Contam com pouquíssimas chuvas e temperaturas em torno dos 20o. A uva mais tradicional é a malbec, que por conta das condições climáticas, atinge qualidade excepcional. É o que se pode comprovar com o Malbec Estate 1999, produzido pela bodega Doña Paula, uma das mais modernas da região. “É um vinho que valoriza a tipicidade, ou seja, que preserva as características da uva”, explica Edgardo del Pópolo, gerente da vinícola. As uvas produzidas por Doña Paula são envoltas em uma rede elástica permanente que as protege de granizos e do sol.

Mendoza possui 150 mil metros de plantações de uvas e 1200 bodegas. Muitas delas surgiram com a expansão do mercado externo, cinco anos atrás. “Costumava-se brincar que os vinhos argentinos deveriam ser tomados de garfo e faca, de tão pesados que eram”, diz Ricardo Andreatta, sommelier do Julia Cocina, restaurante paulistano que atualmente vende 90% de rótulos argentinos.

Há algumas vinícolas consagradas no Exterior pela sofisticação. A
Nicolás Catena, produtora do Nicolás Catena Zapata, é considerada a melhor da América Latina. As bodegas Norton e Finca Flichman, fabricante da linha Trapiche, também são nomes de peso no Exterior. Todos os vinhos, inclusive os que participam da Semana, podem ser encontrados em casas especializadas (no quadro abaixo, algumas opções com preços de mercado).

A O Fournier, outra vinícola que participa da Semana, está apenas há três meses no mercado brasileiro, mas já chega com força para ficar. “Esperamos crescer 20% por ano e o Brasil é um mercado estratégico para isso”, conta Natalia Ortega, gerente da vinícola. Está lançando dois rótulos no Brasil: o elaborado BCrux 2001 e o Urban Oak 2002. Há algumas vinícolas mais artesanais, como a Dominio Del Plata, do casal Susana Balbo e Pedro Marchevsky. Lá a bodega ainda é controlada manualmente. “É o nosso filho”, afirma Susana, uma das mais reconhecidas enólogas argentinas e fundadora da bodega Catena Zapata. A sua paixão pelo vinho fica bem clara na linha Crios, que juntamente com a Anubis é uma das mais apreciadas pelos brasileiros, principalmente por conta do custo-benefício. A vinícola Lagarde faz contraponto com as vinícolas recém-inauguradas. Fundada em 1897 ainda mantém as estruturas originais da época. O seu forte são os espumantes e vinhos brancos, como a novidade Henry Cosecha Tardia 2001.

Fora de Mendoza ainda há algumas importantes regiões produtoras. Salta, onde está localizada a bodega San Pedro de Yacochuya, é uma delas. A vinícola é a mais bem conceituada pelo americano Rob ert Parker, o papa dos vinhos. Há também produções na Patagônia, que por causa das diferenças de clima apresentam características diversas dos mendocinos. Uma das vinícolas locais é a Humberto Canale, produtora do Malbec e também do Merlot. Com tanta novidade, o jeito é render-se aos nossos hermanos e desfrutar dos prazeres das uvas vizinhas.


 

 

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