Gravadoras põem redes P2P em "lista negra"

A indústria fonográfica criou uma "lista negra" de serviços de troca de arquivos na Internet e está impedindo que outras empresas, como a RealNetworks, façam negócios com eles, de acordo com executivos dos setores de música e tecnologia.

As tentativas das gravadoras para isolar as redes de troca de arquivos musicais como Grokster e Morpheus bloquearam acordos que potencialmente representariam dezenas de milhões de dólares em receitas, disseram as fontes, e podem representar violação das leis antitruste.

As gravadoras dizem que estão simplesmente se recusando a trabalhar com empresas que consideram ilegais. Cerca de 9,5 milhões de usuários de Internet se conectam a redes de troca de arquivos a cada dia para copiar música e outros materiais armazenados nos discos rígidos de computadores de outros usuários.

A indústria fonográfica diz que essas cópias irrestritas prejudicaram as vendas de CDs, e vem processando tanto os serviços de troca de arquivos quanto cerca de três mil usuários individuais, por violação de direitos autorais.

Mesmo que as duas partes estejam envolvidas em uma disputa judicial, as redes de troca de arquivos vêm tentando abrir negociações com a indústria fonográfica. Até agora, as gravadoras não demonstraram muito interesse.

"Existe uma grande diferença entre explorar um novo modelo de negócios de maneira legítima e aberta... e entrar em uma transação com um motorista de táxi que acaba de atravessar um sinal vermelho e me atropelar", disse John Rose, vice-presidente executivo do EMI Group ao Comitê de Comércio do Senado norte-americano, no mês passado.

As redes de troca de arquivos tampouco conseguiram avanços em tentativas de negociação com outras empresas que distribuem conteúdo licenciado.

O serviço britânico de downloads Wippit cancelou planos para fazer propaganda e vender músicas no Grokster no ano passado depois que representantes do mercado fonográfico determinaram que a Universal Music iria rejeitá-lo.

"A Universal Music expressou preocupação sobre nosso relacionamento com sua companhia e apesar de estarmos fornecendo um serviço legal elas não licenciarão músicas para a Wippit se tivermos qualquer outro acordo com a sua companhia, considerada por eles como 'pirata'", escreveu o presidente-executivo da Wippit, Paul Myers, em e-mail enviado ao Grokster em maio de 2003.

"Tínhamos algumas oportunidades e infelizmente essas oportunidades foram tiradas de nós", disse Myers à Reuters sem dar mais detalhes. "Temos o direito e o sentimento de não fazermos negócios com pessoas que querem lucro ao permitirem o roubo da música de nossos artistas", disse o presidente da divisão eLabs da Universal, Larry Kenswil, em comunicado.

Também no ano passado, a RealNetworks abandonou negociações para incluir seu software de mídia na rede Morpheus, um acordo que teria conduzido os usuários da Morpheus ao conteúdo pago distribuído pelo serviço Rhapsody, da Real. "As gravadoras colocaram vocês na lista negra... e isso quer dizer que não vou ter muita latitude para negociar, no que tange ao Rhapsody", disse Ryc Brownigg, diretor geral da RealNetworks, em recado telefônico à StreamCast Networks, que controla o Morpheus, em setembro passado.

Brownigg não retornou ligações da Reuters para comentar o assunto e uma porta-voz da Real não se manifestou.

Outros dois serviços de downloads pagos se recusaram a trabalhar com o Morpheus por causa da pressão das gravadoras, afirmou o presidente-executivo da StreamCast, Michael Weiss, acrescentando que acordos de confidencialidade o impedem de dizer que empresas estavam envolvidas em negociações.

As gravadoras têm o direito de proibir que parceiros trabalhem com companhias que administram redes de trocas de arquivos, desde que façam individualmente e não como um grupo, afirmou um especialista. "Se é feito individualmente, então eu acho que a questão é se esta é uma condição razoável no contrato, e a resposta é sim", afirmou o professor da universidade George Mason, Ernest Gellhorn.

Mas as gravadoras estão dando um tiro no próprio pé ao ignorarem tamanho público que usa os serviços gratuitos, afirmou um executivo da indústria fonográfica que pediu para não ser identificado. "Se elas conseguissem um dólar destes usuários de redes de trocas...isso seria US$ 10 milhões para artistas e compositores. Isto é um passo adiante e uma canção vendida é uma música que não foi alvo de um download ilegal", afirmou o executivo.

A Sony Music, BMG e Warner Music não comentaram o assunto.
 Reuters

 

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