Astrônomos descobrem raro par de pulsares


Mark Peplow
The New York Times


Os astrônomos descobriram que um raro par de estrelas duplas é composto por dois pulsares. Essa descoberta sem precedentes permitirá que a teoria da relatividade de Einstein seja testada de maneiras novas, e que os feixes de energia gerados pelos pulsares sejam compreendidos com mais precisão.

"Trata-se de uma descoberta imensamente importante", disse Robert Massey, do Real Observatório de Greenwich, em Londres. Einstein predisse a existência de ondas gravitacionais, mas elas jamais puderam ser observadas diretamente. "Não há muitos objetos disponíveis para observação que representem fonte suficientemente copiosa de ondas gravitacionais, mas o pulsar duplo com certeza é um deles", afirma.

Uma equipe internacional de cientistas publicou as primeiras informações sobre o sistema binário em dezembro, mas acreditavam que ele contivesse um pulsar e uma estrela de nêutrons, combinação já em si bastante exótica. Os pulsares -estrelas giratórias que emitem feixes direcionados de luz e radiação- são muitas vezes classificados como "faróis cósmicos". As estrelas de nêutrons são os destroços de incrível densidade deixados depois que uma estrela explode na forma de supernova. Descobrir que a estrela de nêutrons de menor porte também era um pulsar torna o sistema ainda mais incomum.

O erro inicial da equipe foi simplesmente um caso de má sorte, diz Andrew Lyne, diretor do Observatório Jodrell Bank, em Macclesfield, Inglaterra, e principal autor do novo estudo. À medida que os dois pulsares percorrem uma espiral um em torno do outro, a estrela de maior porte ataca o campo magnético de sua irmã menor, distorcendo seu feixe de radiação. "Só passamos quatro minutos observando cada quadrante do firmamento. Foi falta de sorte pura e simples que tenhamos observado o sistema inicialmente em um momento no qual o esparso brilho do pulsar menor tornava impossível avistá-lo", diz Lyne.

Enquanto o pulsar maior gira uma vez a cada 23 milissegundos, o período de rotação de seu parceiro é de apenas 2,8 segundos -um pouco mais lento que o de um disco em um toca-discos.

Lyne e seus colegas acreditam que o sistema tenha sido formado pelo pulsar maior, que aparentemente foi roubando matéria ao seu companheiro de menor porte, reduzindo seu período de rotação ao fazê-lo. O companheiro se tornou um segundo pulsar, menor, depois da explosão de uma supernova.

Acredita-se que sistemas binários como esses emitam ondas gravitacionais à medida que as estrelas circulam uma à outra, perdendo energia até que se encontrem em uma intensa colisão. O fim da dança da morte dos pulsares deve acontecer dentro de 85 milhões de anos, e será marcado por uma enorme explosão final de ondas gravitacionais.

Quatro diferentes efeitos, que vão além dos explicados pela gravidade newtoniana simples, já foram medidos usando a estrela binária como referência, e os números são consistentes com a teoria da gravidade de Einstein.

A orientação dos dois pulsares significa que a radiação de um brilha através do campo magnético do outro, oferecendo aos cientistas uma oportunidade sem precedentes de descobrir o que acontece na região que envolve um pulsar de perto. "No passado, só tínhamos palpites a oferecer, sobre esse tipo de coisa", diz Lyne. "Agora, podemos realmente observá-las".



Tradução: Paulo Migliacci

 

 

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