Arquitetura de informação, que diabo é isso? (4)

O grande desafio é convencer a alta administração das empresas a investir tempo e dinheiro em pesquisas para o embasamento de uma sólida estratégia de Arquitetura de Informação.

Luiz Agner

De acordo com os gurus Louis Rosenfeld e Peter Morville, o desenho (e o redesenho) de sites complexos deve ser precedido de pesquisas para gerar um sólido planejamento estratégico de Arquitetura de Informação. Com as pesquisas, visaremos a conhecer os objetivos do negócio, dos usuários, assim como a ecologia informacional da organização.

Infelizmente, no mundo profissional atual, realizar pesquisas é fato incomum. Em muitas empresas, a simples pronúncia da palavra “pesquisa” gera arrepios e imediatas reações de resistência:

- Pesquisas?! Nós não temos tempo nem dinheiro para isso!
- Já sabemos tudo o que queremos.
- Nós já fizemos as pesquisas.
– Você está louco?!


Apesar de haver razões por trás desses argumentos, o arquiteto de informação deve encontrar a maneira ideal de comunicar à organização a importância de desenvolver pesquisas em AI.

Em primeiro lugar, as pesquisas vão requerer um belo quadro conceitual do ambiente no qual a informação é produzida e, através do qual, pretende-se que chegue ao usuário final. Para isso, podemos nos guiar pela figura, que apresenta um modelo de abordagem equilibrada, com as três dimensões da AI:

Contexto. É crítico começar com um entendimento claro sobre os objetivos da empresa e sobre o seu ambiente político. Ignorar o contexto e a realidade empresarial do negócio é tão preocupante quanto ignorar os próprios usuários. É lógico que o objetivo é o “projeto centrado no usuário” e não o “projeto centrado no executivo”, mas também é importante adotar um equilíbrio político e diplomático adequado para chegar a um bom termo.

Para alcançar esse equilíbrio, deve-se considerar fatores como a cultura organizacional, os objetivos de curto e de longo prazos, o plano de negócios, os aspectos financeiros, os recursos humanos, a visão dos formadores de opinião e dos stakeholders, os prazos e a infra-estrutura tecnológica. Esses serão os fatores críticos para o sucesso da AI.

Conteúdo. A compreensão com o conteúdo é ultranecessária. O conteúdo de um web site dos grandes poderá incluir documentos, bancos de dados, metadados, tabelas, aplicativos online, serviços, imagens, arquivos de áudio e vídeo, animações, páginas pessoais, mensagens e demais conteúdos atuais e futuros.

Usuários. Esta é a dimensão fundamental. Segundo Deborah Mayhew, o princípio fundamental do projeto de interfaces - do qual derivam todos os outros princípios - é conhecer os usuários. Não há por que não considerarmos que este princípio se estende a toda a Arquitetura de Informação. Para a autora, o erro comum dos desenvolvedores de interfaces seria fazer duas pressuposições: primeiro, que todos os usuários são iguais; segundo, que todos os usuários são iguais ao próprio desenvolvedor.

Com o objetivo de conhecer os usuários, nenhuma abordagem única de pesquisa será suficiente. Captar necessidades, prioridades, comportamentos, modelos mentais e estratégias de busca de informações representa um desafio multidimensional, que pode envolver diferentes técnicas. Essa fase da pesquisa é a que investigará tanto as audiências como as tarefas, as necessidades, os comportamentos, as experiências e o vocabulário dos usuários.

Na definição de amostras de participantes da pesquisa, deve-se estabelecer o balanceamento entre a visão tradicional da organização sobre quem são os seus clientes (por exemplo: empresários, jornalistas, administradores públicos, legisladores etc.) e as categorias que interessam à AI (exemplos: usuários experientes ou não em tecnologia, usuários de diferentes níveis educacionais e culturais, jovens, idosos, deficientes etc.)

Para finalizar, vamos ressaltar o grande desafio da AI. No mundo atual dos negócios – competitivo e acelerado –, por vezes torna-se difícil convencer a alta administração das empresas a investir tempo em pesquisas para o embasamento de uma sólida estratégia de Arquitetura. É por isso que, segundo Rosenfeld e Morville, muitos administradores ainda confundem o que os usuários querem com o que seus chefes querem, e o que eles pensam que os usuários querem com o que os usuários realmente querem.

No próximo artigo, conversaremos um pouco sobre uma das mais importantes e conhecidas técnicas de pesquisa: os testes de usabilidade. Até lá. [Webinsider]


 

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