Agnaldo Timóteo vai às ruas vender discos

Na sua luta contra a indústria fonográfica, Lobão testou a venda de seus discos em bancas de revistas e se deu bem. Agnaldo Timóteo foi ainda mais longe. Com um pouco mais de charme que os camelôs anônimos, o cantor mineiro radicado no Rio de Janeiro resolveu arregaçar as mangas e agora solta o vozeirão anunciando a venda de seus CDs em banquinhas montadas nas ruas das principais cidades do País. Na quarta-feira 14, ele podia ser visto sentado debaixo de um guarda-sol no terminal de ônibus da Vila Mariana, em São Paulo, autografando exemplares do recém-lançado álbum Os verdes campos
da minha terra, seu 52º trabalho. “Aqui você paga R$ 10 e leva um presente para a vida toda”, dizia ao microfone do carro de som, uma Saveiro equipada com gerador, mesa de dez canais, gravador e alto-falantes com potência para todo mundo ouvir a uma distância de
quatro quadras. Em uma hora, vendeu mais de 100 CDs. “Sou um mercador da alegria. O que estou fazendo é uma tarde de autógrafos. Com isso, não quero questionar o trabalho dos camelôs, mas com
certeza o meu admirador não vai deixar de comprar um CD meu para
levar um pirata pela metade do preço.”

Como se vê, Agnaldo Timóteo não se tornou um camelô comum. Que o diga a dona-de-casa Antônia Francisca de Jesus Santos, 59 anos, moradora do bairro de Capão Redondo, na zona sul paulista, que atravessou a cidade só para abraçar o ídolo e garantir o seu disco. “Dei para ele uma receita do bolo de amor, feito de 900g de saúde e 700g de felicidade, para ser assado no forno do coração”, disse. Aos que atribuem a atitude de Timóteo à falta de gravadora, ele avisa: “Não estou sem gravadora. Eu é que não quero mais ter gravadora”, sentencia. Numa contabilidade rápida, ele apresenta as vantagens da independência. Em cada CD vendido a R$ 10, ganha R$ 7, descontados o custo de prensagem e direitos autorais, em torno de R$ 3. “Se vendesse em bancas, ganharia apenas R$ 1 por exemplar.”

Aos 66 anos, “38 de sucesso e oito de batalha”, Timóteo teve a idéia de ir à luta há dois anos, quando era vereador no Rio de Janeiro e criou uma lei municipal para permitir que o artista pudesse comercializar sua própria obra. Armou sua banquinha de rua pela primeira vez em dezembro de 2001, em plena avenida Atlântica. Vendeu 500 cópias de Feitiço do Rio. Um ano depois, atingiu seu recorde: 1.050 cópias de Muito prazer, com carinho, em uma hora de vendas no largo da Carioca, centro da cidade. Ao todo, o disco atingiu a cifra de 22 mil cópias vendidas, de acordo com o cantor. “Esse agora vai chegar às 100 mil cópias com a maior facilidade”, garante Timóteo, que batizou o seu negócio de Espaço Musical CD Rua Brasil. Em breve, o cantor parte em viagem, sempre por terra, acompanhado de quatro empregados numa pequena caravana que inclui um caminhão de carga novinho em folha. No meio do caminho, não descarta pausas para eventuais shows, hoje escassos. Faz apenas um ou dois por mês cobrando entre R$ 10 mil e R$ 15 mil de cachê. E não adianta oferecer a metade. Se algum incauto o fizer, Agnaldo Timóteo esquece a galeria do amor e vira uma fera solta.

Ivan Claudio

 

 

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