Não
                   é novidade o fato da Intel ter escolhido a tecnologia de
                   redes sem fio como um de seus principais focos para 2003 com
                   o lançamento da plataforma Centrino, que inclui processador,
                   chipset e chip para rede sem fio no padrão 802.11b.
                   Para
                   espalhar a novidade, a companhia pretende ter, até o fim do
                   ano, mil pontos de acesso à redes sem fio espalhados por
                   todo o País e vai começar, em maio, a verificar os pontos já
                   disponíveis, como aeroportos e cafés, para garantir que o
                   uso seja compatível com a tecnologia propagada pela empresa
                   (e com outras também).
                   
"É uma
                   oportunidade bem grande, temos praticamente que criar um novo
                   mercado", resume Dennis Zasnikoff, engenheiro de
                   sistemas da Intel para América Latina. Redes sem fio padrão
                   802.11b usam rádiofrequência de 2,4 GHz para enviar e
                   transmitir dados de um ponto de acesso. Cada computador (desktop
                   ou notebook) precisa de uma placa extra (como PCMCIA, por
                   exemplo, para computadores portáteis, ou o Centrino para
                   notebooks) para conseguir acessar a rede.
                   
Cada ponto,
                   também chamado de hotspot, permite compartilhar o acesso à
                   Web, e-mail e arquivos em rede local com maior mobilidade -
                   afinal, o fio não está lá - e com recursos de segurança.
                   Durante o desenvolvimento do Centrino, a Intel se aliou aos
                   principais fabricantes de equipamentos de redes para se
                   certificar de que haveria compatibilidade entre todos os
                   equipamentos 802.11b e a plataforma. Segundo Zasnikoff, a
                   marca Centrino irá além do produto - por isso, os pontos
                   certificados serão devidamente identificados. Tal demanda
                   tem justificativa: a empresa estima que até o fim de 2003
                   mais da metade dos notebooks já virá equipada com recursos
                   de rede wireless embutidos, número que ultrapassará os 80%
                   em 2007.
                   
Existem
                   outras tecnologias de redes sem fio que usam outros padrões,
                   como a 802.11a (de 5,8 MHz) e 802.11g (também de 2,4 MHz,
                   mas que não está no mercado ainda). "A tendência é
                   que cheguem ao mercado placas compatíveis com as três
                   tecnologias", explica Alvaro Pacheco Jr., responsável
                   pela equipe Wi-Fi da Gradiente. A empresa brasileira já
                   fabrica cartões PCMCIA 802.11b e vai, em breve, começar a
                   distribuir os produtos para o consumidor final, entre outros
                   relacionados às redes Wi-Fi.
                   
"A idéia
                   do Wi-Fi é oferecer acesso remoto móvel, simples e seguro,
                   sem problemas de configuração, e que, em um equipamento
                   portátil, como um notebook, não ocasione perda de
                   performance no equipamento", diz Américo Tomé, gerente
                   de wireless da Intel. A questão da segurança é respondida
                   pelos recursos da própria tecnologia Wi-Fi e, no caso de
                   redes corporativas, o uso de firewalls e redes privadas
                   virtuais para restringir o acesso. "Os protocolos já têm
                   segurança embutida", afirma Tomé.
                   
O chamado
                   Warchalking, prática de marcar com giz as calçadas e muros
                   de cidades os pontos de acesso Wi-Fi abertos, fechados ou
                   semi-abertos, é uma prática tão polêmica quanto a própria
                   segurança nas redes sem fio. "Abrir ou não o acesso é
                   uma questão de preguiça para ativar a segurança ou de
                   atitude, como compartilhar o acesso a Web com os vizinhos mas
                   ligar o firewall na hora de acessar a rede corporativa",
                   completa Alvaro, da Gradiente.
                   
A expansão
                   das redes Wi-Fi pelo Brasil já começou pelos principais
                   aeroportos - segundo Zasnicoff, 90% deles já estão cobertos
                   pelas redes sem fio - e algumas unidades do Fran's Café
                   instaladas nas lojas FNAC das capitais. Ainda há dúvidas
                   sobre como cobrar por esse acesso, já que teoricamente é
                   possível criar uma tarifa para uso por minutos (do tipo
                   "tome um café e navegue de graça"), por cartões
                   pré-pagos ou até mesmo liberando o acesso para clientes de
                   uma determinada operadora de telefonia celular, por exemplo -
                   isso é comum nos Estados Unidos, segundo o engenheiro.
                   
Em um futuro
                   não muito distante, a Intel aposta na compatibilidade total
                   entre as tecnologias Wi-Fi e de telefonia celular. A
                   primeira, usada em determinados pontos fixo, como empresas,
                   cafés, hotéis e aeroportos. A segunda complementa o acesso
                   rápido à Web fora das áreas de cobertura wireless, usando
                   recursos de telefonia celular de segunda geração e meia
                   (2,5 G) - de tal modo que o usuário não perceba a transição
                   entre uma rede Wi-Fi e uma rede Global System for Mobile
                   Communication (GSM) - representada no Brasil pela Tim e Oi -
                   ou de Acesso Múltiplo para Divisão de Código (CDMA 1xRTT)
                   - Telesp e Telefônica Celular.