Caramujo gigante ameaça virar praga no estado

Falso escargot já infesta 21 municípios do estado

MARINGÁ
– O rápido avanço do caramujo gigante africano (Achatina fulica) no Paraná começa a preocupar as autoridades sanitárias, que já identificaram infestação do molusco em 21 municípios do estado. A preocupação tem forte motivo: o caramujo, também chamado falso escargot, pode transmitir a angiostrongilíase abdominal, uma doença grave que, em estágio avançado, provoca perfuração no estômago, com vários casos de morte registrados no país. Também representa uma ameaça à agricultura porque devora plantações de hortas e pomares, se reproduz rapidamente e é de difícil controle, já que não possui predador natural no Brasil.

Levantamento recente feito pela Divisão de Controle de Zoonoses do Estado mostra que o caramujo, cuja infestação até o ano passado ocorria só nos municípios litorâneos, está presente em várias regiões paranaenses. Em Maringá, já infesta mais de 30 bairros, sendo encontrado em hortas, jardins e quintais. O diagnóstico no estado foi realizado a pedido do Ibama, que entrou em alerta diante da proliferação do Achatina em 22 estados brasileiros.

Introduzido ilegalmente no país em 1988 por criadores de escargot, o molusco já virou caso de saúde pública em várias cidades do litoral paulista e catarinense, mobilizando agentes de saúde e até caminhões incineradores para erradicar a praga. Somente em Camboriú (SC), um arrastão municipal coletou, em janeiro passado, 500 quilos do caramujo de quintais, hortas e jardins.

"Se não houver um controle preventivo urgente, o caramujo africano vai virar praga no Paraná, com risco de doença para a população e prejuízos para a agricultura", alerta a bióloga Gisélia Rúbio, chefe da Divisão de Zoonoses da Secretaria de Estado da Saúde. Segundo a bióloga, o molusco é hermafrodita e se reproduz de forma assustadora. Cada animal vive em média cinco anos, podendo gerar até 1,5 mil filhotes, que se tornam adultos no primeiro ano de vida.

O apetite do Achatina não tem limite. Devasta plantações de banana, mamão, amendoim, feijão, café, mandioca, cítricos, hortaliças e tem potencial para destruir grãos armazenados, jardins, hortas e pomares. "O bicho é tão voraz que come até papelão e sacolas plásticas de lixo", ressalta a veterinária Marilda Fonseca, do Centro de Controle de Zoonoses de Maringá.

Segundo especialistas, a catação manual e a eliminação do lixo urbano são as formas mais eficazes de reduzir as colônias do caramujo. O uso de venenos (molusquicidas) está descartado por causa de danos ambientais e prejuízos à diversidade biológica. Em Maringá, a saúde pública orienta os moradores a recolher os animais com as mãos protegidas por luvas e queimá-los. As conchas devem ser quebradas e enterradas. Outra maneira é mergulhar os caramujos em salmoura bem forte.

Para os especialistas, é fundamental que o poder público esteja atento para o problema, promovendo campanhas educativas o mais cedo possível e conclamando a população a eliminar o Achatina fulica. Caso contrário, o país corre o risco de enfrentar um problema grave de saúde pública se perder o controle da situação, a exemplo do ocorrido com a dengue.

Cidades onde ocorre o problema

Matinhos, Guaratuba, Paranaguá, Pontal do Sul, Guaraqueçaba, Antonina, Morretes, Ribeirão Claro, Jacarezinho, Prado Ferreira, Jaguapitã, Alvorada do Sul, Maringá, Ângulo, Iguaraçu, Paranavaí, Marilena, São Pedro do Paraná, Cianorte, Porto Rico e Foz do Iguaçu.

Teresa Meneghel

Fonte: Gazeta do Povo -PR

 

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