Eu me recordo de uma mudança de paradigma que me aconteceu em
                  uma manhã de domingo, no metrô de Nova York. As pessoas
                  estavam calmamente sentadas, lendo jornais, divagando,
                  descansando com os olhos semicerrados. Era uma cena calma,
                  tranqüila.
                  
                  Subitamente um homem entrou no vagão do metrô com os filhos.
                  As crianças faziam algazarra e se comportavam mal, de modo
                  que o clima mudou instantaneamente.
                  
                  O homem sentou-se a meu lado e fechou os olhos, aparentemente
                  ignorando a situação. As crianças corriam de um lado para o
                  outro, atiravam coisas e chegavam até a puxar os jornais dos
                  passageiros, incomodando a todos. Mesmo assim o homem a meu
                  lado não fazia nada.
                  
                  Ficou impossível evitar a irritação. Eu não conseguia
                  acreditar que ele pudesse ser tão insensível a ponto de
                  deixar que seus filhos incomodassem os outros daquele jeito
                  sem tomar uma atitude. Dava para perceber facilmente que as
                  demais pessoas estavam irritadas também. A certa altura,
                  enquanto ainda conseguia manter a calma e o controle, virei
                  para ele e disse:
                  - Senhor, seus filhos estão perturbando muitas pessoas. Será
                  que não poderia dar um jeito neles?
                  
                  O homem olhou para mim, como se estivesse tomando consciência
                  da situação naquele exato momento, e disse calmamente:
                  - Sim, creio que o senhor tem razão. Acho que deveria fazer
                  alguma coisa. Acabamos de sair do hospital, onde a mãe deles
                  morreu há uma hora. Eu não sei o que pensar, e parece que
                  eles também não conseguem lidar com isso.
                  
                  Podem imaginar o que senti naquele momento? Meu paradigma
                  mudou. De repente, eu vi as coisas de um modo diferente, e
                  como eu estava vendo as coisas de outro modo, eu pensava,
                  sentia e agia de um jeito diferente. Minha irritação
                  desapareceu. Não precisava mais controlar minha atitude ou
                  meu comportamento, meu coração ficou inundado com o
                  sofrimento daquele homem. 
 Os sentimentos de compaixão e
                  solidariedade fluíram livremente.
                  
                  - Sua esposa acabou de morrer? Sinto Muito. Gostaria de falar
                  sobre isso? Posso ajudar em alguma coisa? - Tudo mudou naquele
                  momento.
                  
                  Muita gente passa por uma experiência fundamental similar de
                  mudança no pensamento quando enfrenta uma crise séria,
                  encarando suas prioridades sob nova luz. Isso também acontece
                  quando as pessoas assumem repentinamente novos papéis, como
                  marido, esposa, pai, avô, gerente ou líder.
                  
                  Uma ótima semana!!