Nascido em 14
de junho de 1928 na cidade de Rosário, Guevara foi o primeiro dos
cincos filhos do casal Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa. Sua mãe
foi a principal responsável por sua formação porque, mesmo sendo católica,
mantinha em casa um ambiente de esquerda e sempre estava cercada por
mulheres politizadas.
Desde pequeno, Ernestito - como era chamado - sofria ataques de asma e
por essa razão, aos 12 anos, se mudou com a família para as serras de
Córdoba, onde morou perto de uma favela. A discriminação para com os
mais pobres era comum à classe média argentina, porém Che não se
importava e fez várias amizades com os favelados. Estudou grande parte
do ensino fundamental em casa com sua mãe. Na biblioteca de sua casa -
que reunia cerca de 3000 livros - havia obras de Marx, Engels e Lenin,
com os quais se familiarizou em sua adolescência.
Em 1947, Ernesto entra na Faculdade de Medicina da Universidade de
Buenos Aires, motivado em primeiro lugar por sua própria doença,
desenvolvendo logo um especial interesse pela lepra.
Em 1952, realiza uma longa jornada pela América do Sul com o melhor
amigo, Alberto Granado, percorrendo 10.000 km em uma moto Norton 500,
apelidada de 'La Poderosa'. Observam, se interessam por tudo, analisam a
realidade com olho crítico e pensamento profundo. Os oito meses dessa
viagem marcam a ruptura de Guevara com os laços nacionalistas e dela se
origina um diário. Aliás, escrever diários torna-se um hábito para o
argentino, cultivado até a sua morte.
No Peru, trabalhou com leprosos e resolveu se tornar um especialista no
tratamento da doença. Che saiu dessa viagem chocado com a pobreza e a
injustiça social que encontrou ao longo do caminho e se identificou com
a luta dos camponeses por uma vida melhor. Mais tarde voltou à
Argentina onde completou seus estudos em medicina. Foi convocado para o
exército, porém, no momento estava incompatibilizado com a ideologia
peronista. Não admitia ter de defender um governo autoritário.
Portanto, no dia da inspeção médica, tomou um banho gelado antes de
sair de casa e na hora do exame teve um ataque de asma. Foi considerado
inapto e dispensado.
Já envolvido com a política, em 1953 viajou para a Bolívia e depois
seguiu para Guatemala com seu novo amigo Ricardo Rojo. Foi lá que
Guevara conheceu sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea Acosta e Ñico
Lopez, que, futuramente, o apresentaria a Raúl Castro no México.
Na Guatemala, Arbenz Guzmán, o presidente esquerdista moderado,
comandava uma ousada reforma agrária. Porém, os EUA, descontentes com
tal ato que tiraria terras improdutivas de suas empresas concedendo-as
aos famintos camponeses, planejou um golpe bem sucedido colocando no
governo uma ditadura militar manipulada pelos yankees. Che ficou
inconformado com a facilidade norte-americana de dominar o país e com a
apatia dos guatemaltecos. A partir desse momento, se convenceu da
necessidade de tomar a iniciativa contra o cruel imperialismo.
Com o clima tenso na Guatemala e perseguido pela ditadura, Che foi para
o México. Alguns relatos dizem que corria risco de vida no território
guatemalteco, mas essa ida ao México já estava planejada. Lá
lecionava em uma universidade e trabalhava no Hospital Geral da Cidade
do México, onde reencontrou Ñico Lopez, que o levou para conhecer Raúl
Castro. Raúl, que se encontrava refugiado no México após a fracassada
revolução em Cuba em 1953, se tornou rapidamente amigo de Che. Depois,
Raúl apresentou Che a seu irmão mais velho Fidel que, do mesmo modo,
tornou-se amigo instantaneamente. Tiveram a famosa conversa de uma noite
inteira onde debateram sobre política mundial e, ao final, estava
acertada a participação de Che no grupo revolucionário que tentaria
tomar o poder em Cuba.
A partir desse momento começaram a treinar táticas de guerrilha e
operações de fuga e ataque. Em 25 de novembro de 1956 os revolucionários
desembarcam em Cuba e se refugiam na Sierra Maestra, de onde comandam o
exército rebelde na bem-sucedida guerrilha que derrubou o governo de
Fulgêncio Batista. Depois da vitória, em 1959, Che torna-se cidadão
cubano e vira o segundo homem mais poderoso de Cuba. Marxista-leninista
convicto, é apontado por especialistas como o responsável pela adesão
de Fidel ao bloco soviético e pelo confronto do novo governo com os
Estados Unidos.
Guevara queria levar o comunismo a toda a América Latina e acreditava
apaixonadamente na necessidade do apoio cubano aos movimentos
guerrilheiros da região e também da África. Da revolução em Cuba até
sua morte, amargou três mal-sucedidas expedições guerrilheiras. A
primeira na Argentina, em 1964, quando seu grupo foi descoberto e a
maioria morta ou capturada. A segunda, um ano depois de fugir da
Argentina, no antigo Congo Belga, mais tarde Zaire e atualmente República
Democrática do Congo. E por fim na Bolívia, onde acabaria executado.
Sem a barba e a boina tradicionais, disfarçado de economista uruguaio,
Che Guevara entrou na Bolívia em novembro de 1966. A ele se juntaram 50
guerrilheiros cubanos, bolivianos, argentinos e peruanos, numa base num
deserto do Sudeste do país. Seu plano era treinar guerrilheiros de vários
países para começar uma revolução continental.
Guevara foi capturado em 8 de outubro de 1967. Passou a noite numa
escola de La Higuera, a 50 quilômetros de Vallegrande, e, no dia
seguinte, por ordem do presidente da Bolívia, general René Barrientos,
foi executado com nove tiros numa escola na aldeia de La Higuera, no
centro-sul da Bolívia, no dia seguinte à sua captura pelos rangers do
Exército boliviano, treinados pelos Estados Unidos.
Sua morte, no dia 9 de outubro de 1967, aos 39 anos, interrompeu o sonho
de estender a Revolução Cubana à América Latina, mas não impediu
que seus ideais continuassem a gozar de popularidade entre as esquerdas.
Os boatos que cercaram a execução de Che Guevara levantaram dúvidas
sobre a identidade do guerrilheiro. A confusão culminou no
desaparecimento dos seus restos mortais, encontrados apenas em 1997,
quando o mundo recordava os trinta anos de sua morte, sob o terreno do
aeroporto de Vallegrande. O corpo estava sem as mãos, amputadas para
reconhecimento poucos dias depois da morte, e contrabandeadas para Cuba.
Em 17 de outubro de 1997, Che foi enterrado com pompas na cidade cubana
de Santa Clara (onde liderou uma batalha decisiva para a derrubada de
Batista), com a presença da família e de Fidel. Embora seus ideais
sejam românticos aos olhos de um mundo globalizado, ele se transformou
num ícone na história das revoluções do século XX e num exemplo de
coerência política. Sua morte determinou o nascimento de um mito, até
hoje símbolo de resistência para os países latino-americanos.
|
webmaster |
Copyright@
1999/2005 - Che Guevara - Direitos reservados |
|
|
|